terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Origem da Crise Mundial


Nos dias que correm ouvimos muito falar daquela que dizem ser, a maior crise económica e financeira que alguma vez o mundo já atravessou. Certo dia, dei por mim a pensar no porquê de tudo isto. Onde é que começou e porquê;  quais as suas repercussões; e por fim por quanto tempo mais irá durar. Foi assim que começei esta pesquisa, tendo em vista uma melhor interpretação de toda a crise que afecta milhões de pessoas do mundo inteiro.

Foram vários os motivos que provocaram a crise económica e financeira que hoje atravessamos, alguns dos quais já perduram há algumas décadas. É o caso da crise do petróleo que teve início nos anos 70. Os graves conflitos entre árabes e israelitas, fizeram com que o petróleo se tornasse bastante influente na economia mundial. Os árabes sofreram derrotas e humilhações perante os israelitas que foram apoiados pelos Estados Unidos e pela Europa. Mais tarde, para pressionarem os países que ajudaram Israel, os árabes uniram-se e reduziram a produção do petróleo, originando um aumento brutal do preço do barril e, consequentemente, a crise do petróleo que abalou toda a economia mundial.

Outro dos principais motivos foi a crise do rating. As agências de rating são organizações que fazem estudos acerca da capacidade que as empresas ou países têm para contrair possíveis dívidas. Cada vez que uma agência faz uma análise destas, a economia sofre alterações de crescimento. Ou seja, se a análise for positiva, provavelmente, haverá um estimulo do desenvolvimento económico. Caso seja negativa, faz com que a percepção do risco de incumprimento ou dívida aumente, logo as taxas de juro podem sofrer alterações.

Contudo, facilmente cheguei à conclusão que grande parte da origem desta crise teve início naquele país que é uma das maiores potências mundiais, os Estados Unidos da América. Nos anos 90, o estado da economia americana tinha vindo a piorar, pois o país exportava menos do que importava. A solução passaria por estimular a exportação, desvalorizando a moeda para atrair novos investidores e também através de outras medidas internas, tais como a redução de impostos colectivos, exclusivamente a empresas exportadoras. No entanto, isso não foi feito, e tudo se agravou depois do 11 de Setembro de 2001 e consequente entrada na guerra com o  Iraque e Afeganistão. Em desespero, os EUA acabaram por pedir ajuda externa à Inglaterra e à China. Como se não bastasse, para aumentar a sua receita, os bancos começaram por conceder créditos arriscados, principalmente imobiliários, com juros extremamente baixos tanto a singulares como colectivos que, por sua vez, não tinham possibilidade financeira para fazer face a esse empréstimo. A este acto de “emprestar a quem não pode pagar” dá-se o nome de crise do subprime.

Com juros reduzidos, a procura ao crédito aumentou, o que fez com que o preço das casas disparassem. No entanto, para combater este aumento de preços a que se chama de inflação, aumentaram-se os juros. A procura diminuiu e consequentemente o preço também (deflação). Posto isto, começou o incumprimento por parte da população. Ou seja, as pessoas deixaram de ter meios monetários para sustentar juros tão elevados. Os bancos começaram então a perder muito dinheiro pois concederam créditos que não foram reembolsados, e acabaram por hipotecar os imóveis daqueles clientes que não foram capazes de cumprir as obrigações do empréstimo. O governo norte-americano ainda tentou ajudar alguns bancos através de injecções de capital, no entanto essa medida foi muito criticada e o estado deixou de interferir, o que fez com que o grande banco Lehman Brothers falisse.

Este incumprimento também levou a população à pobreza e as empresas a estagnar ou até mesmo a abrir falência. Aquelas que estagnam têm de arranjar forma de obtenção do lucro, a maior parte das vezes despedindo funcionários. Estes mesmos funcionários ficam no desemprego, logo com um baixo poder de compra. Sem compradores, as lojas e as empresas de vendas irão fechar, o que isto significa mais pessoas no desemprego. Gera-se então um ciclo vicioso em que o desemprego leva a mais desemprego.

Aquela crise do subprime passou-se um pouco por todo o mundo, embora numa escala inferior. Os grandes problemas de outros países e especialmente de Portugal, foram a falta de competitividade dentro das empresas e, entre elas, o aumento de salários e a redução das tarifas de exportação. No nosso país, enormes gastos foram feitos, em parte devido à criação de projectos caros, especialmente aqueles que tinham como objectivo o melhoramento do sector de transportes (TGV e Aeroporto de Alcochete) para um futuro aumento da competitividade. Para agravar esta situação, Portugal tem uma enorme dívida pública que ficou cada vez mais difícil de ser paga. Era cada vez mais nítido que o nosso país não iria conseguir arranjar maneira de se financiar sozinho. O governo de José Socrates tentou evitar este cenário que estava à vista de todos, e apenas quando Portugal estava à beira da falência foi feito um pedido de ajuda à União Europeia. Foi então decidido que iríamos receber um financiamento de 78 mil milhões de euros e que teríamos de cumprir com todas as exigências feitas pela famosa troika. A troika é formada por três elementos: a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, em conjunto, actuam para “salvar” países endividados. Para além das obrigações que temos que cumprir, Portugal tem muito pouca autonomia para tomar decisões sem necessitar de aprovação destes três colossos europeus.

Muito tem sido feito e pensado pelos “senhores do mundo”, mas poucas melhoras se têm visto. Grande parte destas medidas actuam a longo prazo, por isso está estimado que sejam necessários dez anos para que Portugal e o mundo ultrapassem esta crise. Pede-se esforço, trabalho e espírito de sacrifício a toda a população mundial, para que eles consigam lidar com todas as adversidades com que se deparem.




Frederico Aragão Morais