sábado, 31 de março de 2012

A guerra do Médio-Oriente



Certamente que já todos nos questionamos acerca do porquê de todos os confrontos, violências e também injustiças que se passam nesta região do mundo, o Médio Oriente. Provavelmente as pessoas que procuram saber o porquê deste conflito, obtiveram respostas; já as que não o fizeram, têm neste artigo essa oportunidade.

Depois de uma profunda pesquisa sobre este tema, cheguei à conclusão que esta guerra do Médio Oriente é provavelmente o conflito mais fácil de se descrever no mundo, no entanto é com certeza o mais difícil de se resolver. Para compreendermos melhor como tudo começou, teremos então de recuar algum espaço no tempo.

A partir do ano 70 d.C., os judeus foram forçados pelos romanos a deixar a região palestiniana e começaram então a dispersar-se pelo mundo. Espalharam-se pelos Estados Unidos da América, África e principalmente pela Europa de Leste, onde rapidamente surgiram problemas. A Alemanha foi mesmo o principal destino, mas depois do holocausto provocado por Hitler, líder do movimento nazi, muitos judeus optaram por voltar a emigrar. Outro dos destinos foi a Rússia, onde os judeus preservaram a sua identidade, cultura, língua, tradição e religião. Eram então um povo completamente estranho para os russos, o que fazia com que a relação entre eles não fosse a melhor. Para além disso, tudo piorou quando, em 1881, o czar Alexandre da Rússia foi assassinado e um dos participantes do crime era judeu. De seguida, muitos judeus foram alvo de ataques violentos e, como consequência, a maior parte deles que vivia na Rússia voltou a emigrar. Só nesta década de 1880 desembarcaram nos Estados Unidos cerca de 135 mil judeus provenientes da Rússia.

Depois de os judeus terem sido alvo de um dos maiores criminosos da história da humanidade, Adolf Hitler, e estando espalhados pelo mundo, aparentemente “sem destino”, foi então criado pelos judeus no final do séc. XIX, o movimento Sionista, cujo objectivo era a criação de um estado judaico independente. Pensou-se que poderia ser estabelecido no Chipre, na Argentina e até no Congo, mas mais tarde decidiu-se que, por razões religiosas, o que faria mais sentido era o regresso à terra natal, Jerusalém na região da palestina. Começou então uma nova emigração para este território.
Nesta altura esta área palestiniana estava ocupada pelos britânicos que ocuparam o território depois de terem vencido a 1ª Guerra Mundial. Esta região tinha sido controlada durante 500 anos pelo Império Turco-Otomano, que acabou por a entregar quando perderam a guerra.

Basicamente, Israel gostaria de existir e reconhece o direito dos palestinianos de terem um estado. Já os palestinianos, no entanto, e muitos outros árabes e muçulmanos (provenientes da Jordânia, Arábia Saudita, Egito, Síria e Líbano) não reconhecem o direito de existir um estado judeu de Israel para o qual não vêem qualquer fundamento. No mesmo sentido, quando começou a emigração dos judeus para o território palestiniano, surgiram imediatamente conflitos entre judeus e palestinianos.

Mais tarde, em 1947, os britânicos acabaram por sair do território e a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu uma divisão em que uma metade da região seria judaica e a outra metade árabe. Os judeus aceitaram, os árabes não, e no momento em que foi anunciada esta partilha, o Egito, a Jordânia, a Arábia Saudita, a Síria e o Líbano atacaram o estado judeu com o objectivo de o destruir. Para surpresa de todos, o pequeno estado de Israel sobreviveu, mas novos ataques foram feitos e, em 1967, o ditador do Egito, Gamal Abdal Nasser, disse que iria acabar com o estado de Israel. A ele juntaram-se a Jordânia e a Síria, mas desta vez Israel atacou primeiro e então acabou por vencer num confronto que foi chamado de guerra dos seis dias. E foi só desta maneira, para sua própria defesa, que Israel veio a ocupar o que hoje se chama de Cisjordânia (em inglês chamam-lhe de West Bank of Jordan, pois a Cisjordânia está situada a oeste da Jordânia), onde muitos palestinianos vivem. A Cisjordânia estava a ser ocupada pela Jordânia apenas com o intuito de acabar com o recém-criado estado de Israel. O estado judaico também ocupou a Península do Sinai, no Egito, as Colinas de Golã, na Síria e a Faixa de Gaza.
         
Divisão da ONU em 1947


Ocupação de Israel após a guerra dos seis dias

Os conflitos vieram a acalmar, mas ainda no mesmo ano de 1967, os representantes dos principais países árabes reuniram-se em Carton no Sudão e anunciaram os famosos “três nãos”: o “não” ao reconhecimento, o “não” à paz e o “não” à negociação com Israel. 

Depois deste acordo o estado judeu decidiu que devolveria toda a Península do Sinai, uma área territorial maior do que Israel, com petróleo, ao Egito. Isto porque o Egito disse faria paz se Israel o fizesse. Mas não existe realmente esse desejo por parte dos seus inimigos em que o lema de Hamas (organização palestiniana que não reconhece a existência do estado de Israel e que controla a Faixa de Gaza) é “nós amamos a morte, como os judeus amam a vida”. Portanto é muito difícil fazer com que haja paz quando as pessoas acreditam no que Hamas acredita.

Falaremos agora de uma coisa de que pouco se ouve falar: a existência de um estado palestiniano. Quando os palestinianos estiveram sob o regime jordânico  nunca se ouviu falar de um tal de estado próprio. Mas quando os palestinianos estiveram sob o regime israelita, aí sim, falou-se de um estado autónomo apenas porque essa seria uma maneira de destruir o estado judeu de Israel. Nunca, mas nunca na história da humanidade houve um estado ou uma nação naquela área que não fosse judeu. 
No fundo, sempre existiu a região a que hoje pertence Portugal, mas apenas fomos considerados um país e uma nação quando declarámos independência em 1143. No entanto, nem todos os países precisam desta declaração para serem realmente reconhecidos como independentes, pois um país só declara independência quando está dependente do regime de outra nação. Ora a palestina nunca foi dominada pelo seu próprio regime, logo para ser uma nação livre e independente, tem obrigatoriamente que declarar a existência de um estado autónomo com barreiras previamente definidas.

Ao longo dos séculos as crenças religiosas dos judeus têm sido, compreensivelmente afectadas. Eles perguntam-se como é que é possível um povo estar exposto a tal sofrimento durante tanto tempo. De facto todos nós nos perguntamos o que é que este povo tem de diferente dos outros para merecerem tal pena como esta. No fundo, porque é que um país como Israel do tamanho do nosso alentejo não pode existir? Estas são todas perguntas que ultrapassam a capacidade do ser humano para as responder, mas também será que existe realmente alguma explicação ou resposta? Pessoalmente, eu acredito que sim, embora infelizmente, nunca a irei descobrir, pois ultrapassa-me.



Frederico Aragão Morais



Sem comentários: